Entidades de Niterói se unem para discutir sobre arrombamentos e furtos

 


Comerciantes relatam desespero e prejuízo constante

                    Após receber pedidos de socorro e várias denúncias de arrombamento e invasões nos estabelecimentos comerciais efetuados por moradores em situação de rua dependentes químicos, em um curto espaço de tempo, a diretoria da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Niterói se uniu a outras entidades como a ABRASEL, ACIERJ, ADEMI, Conselho Comunitário de Segurança (CCS AISP12), SINDILOJAS e secretarias municipais, na manhã desta segunda-feira (23) para uma reunião com as autoridades policiais, na sede da entidade com o objetivo de, juntos, buscar uma solução e saber como cada grupo pode colaborar para amenizar o problema. 

          “A reunião não é um evento da CDL. É uma reunião de entidades representativas do comércio e serviços da cidade. A segurança pública é uma responsabilidade de todo mundo; não só da polícia. A partir do momento em que há união dos representantes da sociedade civil com o poder público para a cidade, eu acho que a gente soma. Nós sabemos que é um problema mundial mas o nosso mundo é aqui e nós temos que buscar uma solução”; disse o presidente da CDL Niterói Luiz Vieira.

         Diretores e Conselheiros da entidade, todos comerciantes da região como Centro, Icaraí, Santa Rosa e RO, estiveram presentes e, alguns, se manifestaram relatando os ataques recebidos em suas lojas; como o empresário Rogério Rosetti, que aproveitou o momento para desabafar após ter sua loja furtada por 3 vezes em menos de dois meses; próximo a delegacia da 77DP no bairro de Icaraí: 

       “Se cada um fizer o mínimo necessário, não dá! Se o problema é uma lei ou o STF nós vamos brigar! O problema é que não tem efetivo? Vamos brigar por efetivo! Porque chega! Não dá para acordar de madrugada como eu estou acordando todos os dias. Não dá pra ter prejuízo porque as contas chegam! O boleto tem que ser pago. Não é possível continuar desse jeito!”

          Na última quinta-feira (19) saiu no diário oficial o decreto 15101/2023 e seu conteúdo era o esperado pela maioria dos legisladores municipais que apoiam as ações de abordagem. O vereador da cidade e também presidente da Federação da Câmara dos Dirigentes Lojistas (FCDL) do Estado do Rio de Janeiro, Fabiano Gonçalves (Cidadania), comemorou a publicação e salientou como ela influencia positivamente em Niterói:

        “O poder público estava impedido de realizar ações mais invasivas por conta de uma portaria, uma decisão do Ministro Alexandre de Moraes que exigia um determinado protocolo de ação de abordagem e um local de acomodação dos pertences dos moradores em situação de rua. Isso limitou demais as ações. Se o poder público é estimulado a agir, age e responde perante a justiça por terem atuado de forma incisiva, ninguém mais vai agir. Isso começou a desencadear vários problemas. O decreto 15101 vem ao encontro do que a gente esperava: Uma normativa por parte do poder público municipal com um grupo multidisciplinar transversal podendo atuar com mais liberdade. Com esse decreto acho que as coisas melhoram. A nossa percepção é que elementos infiltrados ou dependentes químicos totalmente dominados pela doença estejam furtando as lojas.”

        A sra. Dani Murtha – subsecretária municipal de Assistência Social e Economia Solidária -  corroborou com a fala do vereador Fabiano Gonçalves a acrescentou a necessidade de manter representantes da secretaria de saúde durante a aproximação com as pessoas nas ruas:

        “O decreto fala de uma ação intersetorial... Se a decisão do STF amarra de um lado, por outro ela exige que as prefeituras se organizem de forma intersetorial. Tem ações que são próprias da secretaria da saúde – voltadas para a questão da dependência química – com outros agravos; como recentemente, uma gestante de quase oito meses, moradora em situação de rua, que só aceitou ser atendida porque o médico foi até a barraca. Tem que haver um convencimento para que ela se desloque para um atendimento.”

          Tenente J. Carvalho compareceu na reunião representando o coordenador do programa Segurança Presente, Major Climaco, e comentou sobre a atuação das equipes na cidade, inclusive da assistência social do Estado, e da migração para Niterói dos moradores em situação de rua:


          “A gente tem contato constante e direto com os moradores e comerciantes e tem conseguido respostas significativas; podem ver os números que temos alcançado em um trabalho com o 12BPM. Abordando no dia a dia descobrimos muitas coisas como o fato de que muitos são oriundos de outras cidades. Nem daqui são...  A gente tenta levar essa pessoa de volta pra família dela pra ela tentar se reestruturar novamente; quando a pessoa aceita. Quando a gente aborda e a pessoa não quer ser ajudada, não tem jeito. Niterói tem abrigo que tem vaga, mas eles não querem seguir as regras do abrigo.” 

      O Comandante do 12BPM, Aristheu Goes, defendeu a integração das policias, afirmou o controle dos crimes de maior potencial com recordes em cima de recordes na redução da criminalidade também deixando claro que as forças policiais estão atentas as demandas atuais:

         “A origem desse problema é muito complexa. E nessa reunião ficou tudo muito claro para todos aqui. Essa população de rua, usuária de drogas que comete esses pequenos delitos para sustentar seus vícios, é basicamente a autora desse desconforto que nós estamos vendo na cidade.” E complementou:

        “Nós estamos atentos a esse acontecimento e a gente vem tentando encontrar soluções. Somos solidários a esta questão.”

       O Conselho Comunitário de Segurança Pública (CCS AISP12) já vem falando sobre esse problema da criminalidade inserida na população em situação de rua e dependentes químicos há dois anos e o presidente Francis Leonardo salientou a importância da participação de representantes do Ministério Público nesses debates; já que, através deles, vêm algumas demandas que podam as ações citadas:

         “Falta muito pouco pra nossa integração ficar melhor; que é o Ministério Público, sem dúvida, e a FeSaúde porque dependência química não se trata apenas com assistência social. Se não, esse assunto não consegue avançar.” 

         O delegado titular da 77DP, Dr. Luiz Henrique, apesar de recém chegado, já passou pela delegacia no ano de 2015 e afirma que Niterói, apesar dos problemas, ainda é a cidade mais segura do Estado do Rio de Janeiro:

         “Nós tivemos, nos últimos 3 meses, um roubo de veículo... Em 2015 eu registrava na 77DP 15 roubos de veículo em uma noite. Outros índices de criminalidade foram reduzidos de forma extremamente interessantes... Na Região Oceânica os índices de criminalidade também despencaram. Me deparei com uma cidade tranquila. Não se compara com o Rio de Janeiro. Qual o problema de Icaraí hoje? População de rua. Já foi roubo de veículo, já foi roubo de residência, já foi homicídio, eu me lembro de roubos com arma pesada que aconteciam na Moreira César mas essa questão foi superada. Agora eu posso pegar meu pequeno efetivo para me dedicar a esse assunto da população de rua. Um problema que não é só da segurança pública mas é também da segurança pública já que eles cometem crimes.”

         Durante a discussão, o presidente da Abrasel e empresário, Sandro Pietrobelli, relatou sobre o impacto negativo nos restaurantes causado pelos furtos e arrombamentos:

        “Eu sou solidário a todos que passam por este problema que nos afeta muito. É um prejuízo financeiro, prejuízo psicológico gigante. A Abrasel representa o setor de alimentação fora do lar no Brasil. Nós estamos presentes em todos os Estados do Brasil, nas principais cidades. Uma pesquisa a nível nacional traz um dado preocupante como recorte da nossa região. Pra gente ter uma noção de números, a última pesquisa em setembro, nacional, 24% do setor de bares e restaurantes está fechando no prejuízo... A nossa região, demonstra como está o nosso Rio de Janeiro. Nós estamos pior que o Brasil como um todo. Aqui é 30% fechando no prejuízo; Leste Fluminense que é a nossa região.”

          Uma ata está sendo elaborada com o conteúdo da reunião, todas as sugestões dos representantes das entidades presentes e será apresentada na Alerj, no Fórum do Comércio em Brasília, na Prefeitura de Niterói, ao Ministério Público e na Casa Civil do Estado - para uma entrega formal – e solicitando um diálogo com o atual secretário. Um grupo de trabalho temporário também será articulado para troca de informações e atualização das respostas para as entidades.

          Representantes da OAB e do MPRJ foram convidados para a reunião mas não enviaram representantes.

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